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Design sprint ou lean inception?

2 de Dezembro de 2021

por Marketing

Tempo de leitura: 10 min

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Veja pontos em comum, diferenças e como escolher entre design sprint ou lean inception no processo de discovery

Responder com certo nível de confiança se um produto é tecnologicamente viável; se, sendo viável, deve ser feito; e se, devendo ser feito, como deve ser feito para ser desejado e aceito pelos usuários tem sido o que divide projetos bem-sucedidos dos outros

De design thinking a lean startup, e das várias abordagens que se inspiram nessas metodologias, técnicas para product discovery não faltam. Entre as mais famosas estão o design sprint e a lean inception.

Parecidas, design sprint e lean inception são vistas, em muitos casos, como opções alternativas: ou uma ou outra. Mas será que as equipes devem escolher uma em detrimento da outra? E, se sim, com base em que tomar essa decisão?

É o que veremos neste artigo, que traz:

  • conceito rápido de design sprint e de lean inception;
  • pontos de convergência e de divergência entre ambas; e
  • como decidir por uma ou por outra.
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Lean inception: o que é?

Criada por Paulo Caroli como união do RUP - Racional Unified Process com A startup enxuta de Eric Ries, a lean inception é um workshop que tem como objetivo alinhar áreas de negócio, de produto e técnicas em torno do mínimo viável de um produto.

Para isso, de dois a cinco dias, o grupo segue uma agenda de atividades guiada por um facilitador que vai abordar a ideia de produto em diferentes frentes: objetivos de negócio, usuários e desenvolvimento. O roteiro inclui a construção da visão de produto, dos objetivos do produto, das personas, das features, das jornadas dos usuários e, por fim, do sequenciamento do MVP. 

O resultado de uma lean inception é o que Caroli chama de MVP Canvas, instrumento que reúne os consensos da equipe sobre todos os pontos discutidos. Depois de uma revisão, o Canvas MVP pode embasar a criação de um backlog de produto

O método de Paulo Caroli para construir MVPs tem se provado na prática uma maneira efetiva de acelerar o início do trabalho das equipes de produto e, ao mesmo tempo, de minimizar riscos, esforços e gastos desnecessários.

Veja também o passo a passo completo da lean inception de Paulo Caroli

Design sprint: o que é?

Design sprint é a metodologia baseada no design thinking para criação de protótipos em curtíssimo tempo, com a menor equipe e com baixíssimo investimento. Desenvolvida por Jake Knapp e outros dentro do Google, a abordagem tem como objetivo verificar que resultados uma ideia pode produzir com seu público. 

Para isso, durante cinco dias, uma equipe de até sete pessoas ligadas ao projeto, normalmente designers, seguem com a ajuda de um facilitador um roteiro predefinido de ações. Os passos incluem o mapeamento do produto e conversas com especialistas para definição do público e do evento-alvo que será prototipado; esboços de soluções; criação dos storyboards dos esboços escolhidos; construção do protótipo; e testes com o público.

O resultado de um design sprint, além do protótipo, é a produção de aprendizado validado sobre uma ideia. Mostre-se ela boa ou não para os usuários, é raro que um design sprint seja único e bem-sucedido na primeira tentativa. O mais comum é dar origem a novos protótipos a serem testados. Após a equipe considerar a validação da ideia suficientemente refinada, ela pode transformar o protótipo em projeto.

Ainda que enxuta, a metodologia é comprovadamente eficaz, aplicada amplamente pelo autor e outros em empresas investidas pelo Google Ventures. 

Aprofunde-se: Design sprint: conheça o passo a passo

O que há em comum entre os métodos

  • Destinados a projetos complexos: Ambas as abordagens são pensadas para estruturar iniciativas importantes para organização, que têm alto risco, demandam muita energia da equipe e um alto investimento. Como são processos que exigem dedicação exclusiva de uma equipe, não se faz design sprint ou lean inception para toda e qualquer demanda em projetos. 
  • Modelo colaborativo: Design sprint e lean inception são processos colaborativos em sua essência. Não se espera, em nenhuma delas, um processo de criação isolada. No entanto, no design sprint existe o supervoto, feito por um membro da equipe com função definidora, enquanto na lean inception não há membros com poderes maiores.
  • Equipe multidisciplinar: Os trabalhos das duas abordagens são multidisciplinares, ainda que possam concentrar profissionais diferentes.
  • Duração: Ambas as metodologias são rápidas, com duração máxima de cinco dias. Paulo Caroli criou uma versão remota ainda mais curta da lean inception, com duração de dois dias, em função dos desdobramentos da pandemia.
  • Roteirizadas: Tanto design sprint quanto lean inception seguem uma sequência definida de ações. A lógica é parecida: elas partem do esclarecimento do problema em questão, passam pelo mapeamento de alternativas, pela tomada de decisão e pela construção do resultado. Nos dois casos, seguir o método é imprescindível para a obtenção dos resultados esperados.
  • Objetivos: Ambas visam obter aprendizado sobre o produto. Porém, como veremos, num nível diferente.

Embora os pontos de convergência revelem muito sobre a natureza comum das metodologias, as diferenças se sobressaem tanto quanto.  Falaremos delas abaixo.

Design sprint e lean inception: pontos de divergência

1. Resultado 

O primeiro resultado do design sprint é um protótipo, e o segundo, os insights obtidos pela validação do protótipo com os usuários reais. Dessa forma, um sprint é um ciclo completo de aprendizado. Isso tudo em cinco dias. Ela pode dar origem a outros sprints ou, então, a um projeto.

No caso da lean inception, o resultado do processo de cinco dias é um projeto de MVP. Ele deverá se desdobrar em um backlog e, depois, no MVP propriamente dito, antes de ser validado com o público. Só após esses passos que a equipe produzirá aprendizado validado, fechando o ciclo construir, medir, aprender. Não há um tempo mínimo ou máximo para esse ciclo se dar por completo. 

2. Nível da validação

Knapp, no seu Sprint, toma como princípio geral da metodologia não esperar pelo lançamento de um MVP para descobrir se uma solução é boa ou não. Para o autor, fazer um MVP é se comprometer com a execução de um projeto. 

O protótipo, apesar de buscar uma validação também, o faz na superfície e na aparência, não na profundidade. Isso se evidencia em pontos como o foco no que será apresentado ao usuário e no que Knapp chama de padrão Cachinhos Dourados. O protótipo não é um produto funcional, embora pareça ser.

Isso destoa completamente do produto de uma lean inception, o projeto de MVP. O processo vai mais a fundo no produto, concebendo o mínimo para viabilizá-lo como tal, já com valor comercial, em muitos casos. Ainda que haja tipos de MVP que não funcionem inicialmente como pretendem – Ries cita inúmeros no seu livro – há  um avanço considerável em relação ao padrão Cachinhos Dourados.

3. Execução do projeto

Se, para uma validação de superfície, basta um dia para desenvolver um protótipo, o trabalho que decorre de uma lean inception – isto é, desenvolver um MVP - é bem maior e mais longo

Mesmo que um MVP seja a menor versão possível de um produto, com o menor investimento em tempo, energia e orçamento, há menos dúvidas sobre esse projeto do que sobre um protótipo.

Quando optar por lean inception ou design sprint?

Com convergências e divergências expostas, fica mais fácil verificar quando optar por lean inception ou por design sprint. 

O primeiro ponto é que a escolha não é ou-ou. Ambas as abordagens não são excludentes. Pelo contrário, são complementares. É desejável, a depender da magnitude e do nível de maturidade sobre os requisitos do projeto, que ambas sejam feitas. Mas por qual começar?

A resposta óbvia é iniciar com a prototipação, mais simples e rápida, e seguir com a lean inception, transformando protótipos bem-sucedidos em um projeto de MVP. 

Caroli também recomenda que o sprint suceda a lean inception. Nesse caso, de acordo com Caroli, a sprint partirá do MVP Canvas para determinar qual o melhor protótipo para o MVP. Para o criador da lean inception seria uma forma rápida de incrementar o processo de design do MVP e de submetê-lo à validação do público antes mesmo de ser desenvolvido. 

Caroli, no entanto, deixa em aberto o que se faz após um sprint. Os caminhos mais imediatos são: se o protótipo do MVP for bem-sucedido, cria-se o MVP; se não for, volta-se novamente para uma lean inception munida do aprendizado adquirido com o teste.

Leia mais: Do MVP ao MLV: o que está em jogo?

Sprint e lean inception: descubra o seu produto

Design sprint e lean inception partem de uma visão de produto para desenhar, no primeiro caso, um protótipo e, no segundo caso, um projeto de MVP. Ambos têm muitas características similares, o que demonstra sua natureza comum. Porém, as diferenças se sobressaem em relação a resultados do processo, nível de validação e tempo de execução do projeto.

Essas diferenças revelam a complementaridade, não a exclusão, das metodologias. Cada uma à sua maneira, as duas são úteis ao processo de descoberta, independentemente da ordem em que a equipe as adote.

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