Entenda por que usar metodologias ágeis vai muito além de andar com um framework ágil embaixo do braço
Uma coisa é certa: quando se trata de desenvolvimento de softwares, não usar metodologias ágeis pode comprometer o andamento de um projeto, gerando atrasos, desperdícios, desmotivação do time e uma série de outros problemas.
Por isso, desde startups a grandes empresas tradicionais, os gestores já sabem que os frameworks agile são o tratamento para muitas dificuldades, tanto em projetos em tecnologia quanto até mesmo fora dela.
Mas, agora, será que o excesso desse remédio também pode ser o que compromete a entrega de um projeto? Para o consultor e Lean-Agile Leader da Supero Tecnologia Fábio Trierveiler, a resposta é sim.
E alguns dados comprovam: de acordo com o portal Método Ágil, ao mesmo tempo que 95% das organizações desejam – se ainda não utilizam – usar metodologias ágeis em seus projetos, 46% das que já usam não alcançam a agilidade esperada mesmo que sigam ao pé da letra os rituais e cerimônias.

Por quê? Para Trierveiler, há uma confusão dentro das organizações. Vamos entendê-la e ver o que fazer para resolvê-la, neste post.
É ou não é agile? Eis a questão
Há uma guerra particular entre os gestores de TI. Uns dizem que frameworks ágeis escaláveis como o SAFe são ágeis de verdade, outros dizem que não. Mas um ponto comum entre ambos é este: não ser ágil é um pecado imperdoável no desenvolvimento de softwares. […] Atualmente vejo muitas empresas de tecnologia perseguindo a tal da agilidade a todo o custo.
Fábio Trierveiler, Lean Agile Leader da Supero Tecnologia

Por isso, uma das perguntas que Trierveiler e os consultores em Lean Digital da Supero Tecnologia mais ouvem quando chegam nas empresas é:
- Quão ágil meu time é?
Para o Lean Agile Leader, a pergunta que as empresas têm que fazer não é essa - pelo menos não em um primeiro momento. Mas qual é, então?
A obsessão pelas cerimônias das metodologias ágeis
Para começar, Trierveiler explica que sem dúvidas a pergunta "quão ágil meu time é" é uma das perguntas que um gestor de desenvolvedores de software deve se fazer.
Mas o fato de a primeira pergunta dos gestores de tecnologia ser a respeito de estar ou não usando os rituais das metodologias ágeis em sua completude indica, para Trierveiler, que a obsessão por ser ágil se tornou a única meta importante, um fim em si mesmo.
De acordo com o Lean-Agile Leader, é aí que mora o perigo:
O ‘agilista com o framework embaixo do braço’ força o time a fazer planning poker porque leu que isso era legal em uns artigos bacanas; ou a fazer retrospectivas cumprindo à risca o timebox, mesmo que não dê tempo de pensar nos planos de ação; a fazer daily - reunião diária - com as três perguntas básicas, mesmo que todos estejam mexendo nos seus celulares enquanto o colega fala; ou, ainda, se evidencie atraso iminente da entrega, e ninguém se ofereça para fazer um esforço extra para cumprir com o acordado entre o time na sprint planning.
A verdade é que, se os rituais da metodologia ágil adotada pelo time não fazem parte da cultura e valores, eles não produzem a agilidade esperada nos projetos. Ao contrário, eles geram um impacto que se reflete negativamente sobre as próprias operações.
Às vezes, seguir a ‘receita de bolo agile’ só por seguir, deixando o engajamento do time em segundo plano, acaba transformando tudo em um verdadeiro processo de auditoria da ISO 9001 ou MPS.Br. (No início dos anos 2010, esse tipo de autoria começou a entrar em declínio e a perder seu valor real justamente porque as sujeiras eram colocadas embaixo do tapete, apenas para que as empresas conseguissem o certificado e, assim, pudessem participar de editais de licitação).
Mas como impedir que o remédio se transforme em veneno?
Veja também: Desafios do agile no home office
Metodologias ágeis adequadas à sua cultura
Para Trierveiler, a solução começa por modificar aquela primeira pergunta:
Não é o quão ágil sua empresa ou time é, mas o quanto de valor, crescimento e prosperidade é visto no horizonte da organização. Um framework, um manifesto ágil e uma lista de princípios servem para você usar na medida em que vê valor e em que se aplica à sua realidade.
Aliás, é precisamente esse ajuste dos princípios ágeis à realidade da empresa que os próprios manifestos e guias recomendam. Perseguir a agilidade é importante sim, mas na medida em que responda à cultura! As metodologias ágeis têm que estar dentro da caixa de ferramentas dos times, para serem usadas quando forem necessárias. Na prática, isso significa:
Se uma organização que utiliza as entregas trimestrais do SAFe, com um pouco de ‘cascágil’ no produto, com cerimônias do Scrum no desenvolvimento, com as guilds e chapters típicas do Spotify e ainda com um ISO 9001 por trás disso tudo, deixa os funcionários motivados e engajados, cumpre todas as suas metas de faturamento e entrega valor constante ao cliente, qual é o pecado?
Você já deve saber que a resposta é que não há pecado nenhum. Trierveiler comenta que “não é um problema desenvolver um software sem utilizar todas as cerimônias do Scrum ou todas as métricas por trás do Kanban”. O que importa é entregar o projeto ou, nas palavras dele:
O que importa é testar as várias possibilidades oferecidas por este rico universo das metodologias ágeis e se ajustar continuamente ao que melhor se encaixa na realidade da sua organização.
Leia mais: Agile: dá para manter em projetos de escopo fechado?
Como usar as metodologias ágeis a seu favor
Agora, sabendo que a simples assimilação das cerimônias das metodologias ágeis, sem os valores e princípios, não garante o sucesso no desenvolvimento de softwares, você pode se tranquilizar se não usá-las.
Mas não relaxar. Como dissemos, a busca da agilidade tem que estar entre as preocupações do time. Mas, para não cair na mera reprodução às cegas, o gestor de TI precisa conhecer os métodos ágeis em toda a sua extensão e saber aplicar ao gerenciamento do time as práticas que servem exatamente a seus objetivos.
Chegar a esse uso virtuoso das metodologias ágeis, aplicando com maestria os preceitos, é outro desafio, para o qual contar com agile coaches experientes na teoria e na prática será fundamental.
Leia mais: Quando minha equipe precisa de um agile coach?
Para entregar essa personalização das metodologias ágeis à sua organização, a Supero Tecnologia tem consultoria e mentorias em Lean-Agile. Quer saber mais, sem compromisso? Fale agora com um de nossos consultores!