Veja se a tradicional metodologia cascata funciona no desenvolvimento de softwares atuais
A metodologia waterfall é popularmente conhecida por ser a primeira abordagem usada no ciclo de vida de desenvolvimento de sistemas e, apesar de ter sua funcionalidade questionada, nos dias de hoje, ainda inspira muitos projetos.
De acordo com um relatório de 2017 do Project Management Institute, 51% das organizações pesquisadas usam a metodologia waterfall com frequência ou sempre.
Sendo um processo linear de desenvolvimento de software, a metodologia em cascata ou cachoeira, na tradução literal, requer que o projeto seja concluído em etapas sequenciais. Isto é, a waterfall se concentra no planejamento do ciclo de vida do projeto em estágios, dividindo-o em partes distintas, separadas e exclusivas.
Em um modelo cascata, cada fase deve ser concluída antes do início da próxima. Além disso, nessa metodologia, todas as informações devem ser documentadas, incluindo os requisitos e as expectativas do projeto.
Mas será que diante de abordagens mais modernas de desenvolvimento de software, como o agile, as empresas ainda se beneficiam da metodologia waterfall? Como essa metodologia pode ser útil nos dias de hoje, com o avanço da transformação digital?
Neste post, vamos abordar como a metodologia waterfall funciona no desenvolvimento de softwares, quais os desafios e as vantagens do modelo cascata para os projetos e, ainda, como dar agilidade à metodologia waterfall.
A metodologia waterfall
A metodologia waterfall é indicada para projetos com requisitos claramente compreendidos, fixos e documentados, ferramentas técnicas, arquiteturas e infraestruturas bem definidas e um ciclo de vida curto.
As fases dessa abordagem podem variam de projeto para projeto, mas geralmente são divididas em 6 etapas.
1. Requisitos
A primeira fase faz planejamento, reunião e documentação de todos os requisitos do cliente, incluindo pesquisas prévias e expectativas do usuário em relação ao software.
2. Sistema
Na segunda fase é realizada as especificações do projeto. Nesse momento são descritas todas as ações e a ordem em que elas serão realizadas para cumprimento do planejamento definido.
3. Implementação
A codificação do software ocorre nessa fase. Os membros da equipe receberão as tarefas e deverão concluí-las dentro de um prazo previamente definido.
4. Testes
Depois que o código foi escrito, chega a hora de testar minuciosamente o software e verificar quaisquer falhas, defeitos e bugs encontrados. Em alguns casos, o teste precisa ser repetido, até que todos os defeitos sejam eliminados.
5. Verificação
Mesmo após a conclusão do software, é necessário preparar os papéis para o fechamento do projeto. Fechar todas as etapas com relatórios finais é uma prática comum nessa fase final.
6. Manutenção
Nessa fase, o cliente já deve estar usando regularmente o produto e descobrindo erros que surgiram durante a produção. A equipe de sustentação corrige os bugs até que o cliente esteja completamente satisfeito.
Saiba mais: O que é sustentação e como funciona?
Desafios do modelo cascata no desenvolvimento de softwares
Como qualquer processo de desenvolvimento de software, o modelo cascata apresenta alguns desafios. Entre os que se destacam, estão:
- Os projetos podem demorar mais para serem entregues com essa abordagem cronológica do que com uma iterativa, como com Scrum, Kanban ou Scrumban.
- Os clientes geralmente não sabem totalmente o que desejam no front-end, abrindo a porta para solicitações de mudanças e novos recursos ao longo do processo, quando são mais difíceis de realizar.
- Nessa abordagem, os clientes não estão envolvidos nas etapas de design e implementação, o que impede os feedbacks.
- Na metodologia waterfall costuma haver aumento do prazo, pois quando uma fase do processo é atrasada, todas as outras fases são atrasadas.
- Essa metodologia pode ser mais cara, uma vez que as necessidades do projeto podem mudar ao longo do processo de desenvolvimento e encarecer a operação.
Leia também: 9 desafios comuns na adoção de metodologias ágeis
A metodologia waterfall está morta?
Não. Você concorda que é difícil deixar morrer uma metodologia que ainda é tão presente e que funciona para muitos projetos de softwares?
Estar aberto a novas abordagens não significa eliminar a anterior.
A verdade é que cada projeto apresenta desafios e requisitos únicos. Por isso, a melhor metodologia é a que resultará na entrega do produto com sucesso.
De qualquer forma, existem muitas razões pelas quais as equipes de desenvolvimento de produto continuam a usar a metodologia waterfall, mesmo com o surgimento do Agile.
Os principais benefícios dessa abordagem é o que veremos na seção a seguir.
Veja: Estimativa de software: 7 boas práticas para torná-la efetiva
Vantagens do modelo cascata
Por ter uma abordagem simples e bem definida, a metodologia waterfall apresenta algumas vantagens, dentre as quais destacam-se:
- Os desenvolvedores podem detectar erros de design durante as fases de análise e design, ajudando-os a evitar a escrita de código com defeito durante a fase de implementação.
- O custo total do projeto pode ser estimado com precisão, assim como o cronograma, após a definição dos requisitos.
- Com a abordagem estruturada, é mais fácil medir o progresso de acordo com marcos claramente definidos.
- Os desenvolvedores que ingressam no projeto em andamento podem facilmente se atualizar porque tudo o que eles precisam saber deve estar no documento de requisitos.
- Os clientes nem sempre estão adicionando novos requisitos ao projeto, atrasando a produção.
Confira: 5 porquês: como fazer sem cair na superficialidade?
Dando agilidade ao waterfall: os projetos híbridos
Popular entre os gerentes de projeto que se sentem limitados por uma única metodologia, a abordagem híbrida para desenvolvimento de projetos de softwares combina diferentes aspectos da metodologia waterfall e agile para criar um processo que realmente se adapta à realidade da sua equipe e da organização.
Com o modelo híbrido, as equipes têm mais flexibilidade para criar e utilizar métodos e ferramentas que melhor se adaptam ao seu projeto. Além disso, por não ter nenhuma regra rígida, ficam mais aptos a inovar e melhorar o processo à medida que ele avança.
Vantagens de projetos híbridos
- Abordagem holística: com modelos híbridos, é possível adaptar seu processo a todos os detalhes do projeto, não apenas ao escopo. Adotar uma abordagem abrangente significa estar profundamente envolvido no projeto e no comando dos detalhes.
- Foco na melhoria contínua: a melhor maneira de melhorar frequentemente é anotar os problemas, discuti-los e se comprometer a melhorar. A abordagem híbrida força isso acontecer.
- O melhor dos dois mundos: a metodologia ágil não é melhor do que a metodologia waterfall e vice-versa. Os dois métodos estabelecidos têm práticas que funcionam. Dessa forma, com os modelos híbridos, é possível escolher o que funciona melhor para seu projeto. Ou ainda é possível usar essas grandes ideias para modificá-lo e criar o seu próprio.
- Capacidade de adaptação: as pessoas tendem a ficar receosas com mudanças, mas com o desenvolvimento de projetos híbrido, é preciso ser adaptável. Esse modelo requer prática e comprometimento, afinal é isso que torna a mudança mais fácil.
Saiba mais: Squads as a service: o que é, como funciona e quando optar?
Além da metodologia waterfall
Como vimos, a metodologia waterfall pode ser bastante eficaz, principalmente, em projetos que são definidos dentro de um cronograma ou orçamento restrito.
No entanto, quando usada em conjunto com uma abordagem ágil, em projetos híbridos, têm maiores chances de se adaptar à realidade atual das equipes e das empresas.
Por isso, na hora de escolher uma metodologia de gerenciamento e desenvolvimento de softwares, fique atento, pois a abordagem escolhida é um fator determinante para o sucesso do projeto.
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